HUDSON MACHADO
Hudson Machado, autor do livro Desrio, nasceu em Cachoeira de Minas (MG), no ano de 1988. É Bacharel em Letras (Português-Alemão) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Desenvolveu pesquisa acadêmica na área de Teoria Literária sobre a obra do poeta Murilo Mendes. Atualmente, mora em São Paulo, onde trabalha como Produtor Editorial.
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Conheça 03 poemas do livro Desrio, de Hudson Machado:
Diverticulite
dos lábios torcidos no metal do campanário de asas dormem os farrapos de misericórdia em velocidades de manequins em tremuras de símbolos cujas carnes habitam vivas a pele dos abismos
os calcanhares de aquiles dançam o samba ingrato do asfalto quente em terra de ares outros
escorreguei das suas coxas bebi suas esquinas-línguas e deixei-me sozinho entre os dedos lameados
entre as pirâmides e seus deuses no deserto e seus reclames
feri-me
de asas expostas nádegas abertas pra lua do oriente casto
tudo, tudo para me lembrar dos farrapos que me envolviam de ouros mentirosos tudo para me lembrar do pelo do seu peito do seu negro e mais profundo ser
e que nos liga ao mundo em estado espécie em tempo, em angústia
sou seu, palavra, serei sempre sua sociedade de carne nua descama desmar desode desvida
***
envelhecer
é esquecer-se poente. quando no corpo estreita fenda alumiada de talvezes que dentro encerrou a sorte: era lembrança, era trespasse, vazio de mortos espalhados [entre as veias do coração]. fenece [e diz-me Orides: – A realidade nos doerá para sempre] na derradeira noite remida por entre os bolsos de pele listrada (aquela, que escondi entre as meias embaixo da barriga, no sorriso engolido), penso no que já se-me fui sem meus fois de somente dantes entre e contra ocasos contra biclicletas e parques partidos. a borracha [dos dentes, das juntas, das quinas sem esgar] tem força de encerramento, o tempo que apaga na cabeça branca, o que nele já não cabe mais perdemos do traço o contorno dos dias em páginas amarelas [ – Ah, meu caro Yorik, não me venha com sutilezas. Diz-me quem toca, da vida os sinos se nós os somos? – Sineiros não há, olhe em meus olhos e verás a resposta.] mas no meu caso, sei, envelhecer é ser sombra fria ser da descama a ilusão porque eu não completo primaveras, mas invernos e por isso sou assim, polar. destempo. e tomo que envelhecer é não olhar para trás e ser do onde o que atrás se esconde em estado de início servindo chás aos fantasmas, como diz o poeta já sabendo-se palavra derradeira esquecida, talvez sendo-se em essência a dimensão neutra da eternidade. – ninguém toca os sinos.
***
Amor nos tempos de coxinhas
Elô says: Desapaixonei, Não há o que ser feito
Sei que ainda adoro Maresias

Livro: Desrio
Autor: Hudson Machado
Gênero: Poesia
Número de Páginas: 120
Formato: 16x23
Preço: R$ 30 + frete
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